Monday, June 17, 2013

Historia do Texas for Dummies - edicao Europa - America

Roubado aos Indios pelos Espanhois no inicio do sec. XVI, o Tejas acabou por ser abracado pela revolucao, na qual os Mexicanos expulsaram os Espanhois do seu territorio, tornando-se assim uma provincia do norte do Mexico. Contudo, devido as suas caracteristicas geograficas bastante desfavoraveis, o Tejas era uma zona bastante despovoada. O esforco financeiro inerente a cada revolucao, da qual a revolucao Mexicana nao foi excecao, levou este pais a declarar bancarrota, deixando-o sem meios para povoar esta provincia. Foi entao que, numa jogada arriscada, o presidente Mexicano arquitetou um plano que consistia na cedencia de terrenos do norte do Tejas a Norte Americanos que (com as suas familias) estivessem dispostos a establecer-se nesta provincia para trabalhar a terra e protege-la do inimigo. Estes senhores tinham a designacao de Empresarios! (um dos Empresarios pioneiros foi um senhor chamado Austin, dai o nome da Capital deste Estado). Em contrapartida, estes Empresarios teriam de se converter ao cristianismo e adotar os costumes Mexicanos.

Tal como ja todos estao a prever, nem todos os Empresarios cumpriram a sua parte do acordo, optando por manter os seus costumes de origem Norte Americana.

Quando o governo Mexicano se apercebeu desta situacao, enviou tropas com o intuito de patrulhar o Tejas para se certificarem que os costumes Mexicanos prevaleciam nessa provincia, situacao que enfureceu os Empresarios que la viviam e que esteve na genese da guerra desta provincia pela independencia face ao Mexico. Para combater o exercito Mexicano, a provincia do Tejas contraiu dividas e numa batalha em San Jacinto, que ficou celebre por um exercito de poucas dezenas ter derrotado um cinco ou seis vezes maior em apenas 18 minutos (devido obviamente a uma tatica que fez uso do fator surpresa), o Tejas conquistou a sua independencia, tornando-se um Estado.

Apos a tao aguardada declaracao, o Estado do Tejas estava atolado em dividas em virtude dos emprestimos contraidos junto dos EUA durante a guerra. Apos uma decada de independencia, o Estado do Tejas nao so nao conseguia amortizar o montante em divida, como o mesmo ia aumentando.
Paralelamente, os Mexicanos faziam investidas para tentar recuperar este Estado acabando por originar uma entrega pacifica do mesmo, por parte dos Tejanos, aos EUA para que as suas dividas fossem perdoadas e o seu exercito os protegesse dos Mexicanos.

A pacifica entrega deste Estado aos EUA, influenciou a mudanca de nome para Texas e revelou-se, mais tarde, uma boa surpresa com a descoberta das bacias de petróleo que, ainda hoje, estao na base da sua pujante economia.

Nome atual: Texas
Capital: Austin
Maior cidade: Houston
Populacao: 25 milhoes (2° estado mais populoso)
Densidade populacional: 37,17 hab/km² (26° mais denso)

PIB: US$ 1,208,432 trilhoes (2° mais rico)

Thursday, June 13, 2013

Austin, TX e Flagstaff, AZ - Fare the well states

Foi debaixo de um sol seco, mas intenso, que chegamos a capital do Estado do Texas apos uma longa viagem de autocarro, que incluiu uma escala em Houston de 5 horas. Aqui, desaceleramos novamente o passo, nao tanto pelo cansaco fisico (que ja comecava a ser algum), mas pelo calor abrasador que se fazia sentir em Austin.

Apos resolvidas as dificuldades iniciais que nos fizeram mudar tres vezes de hostel nos tres primeiros dias, fixamo-nos num hostel fabuloso na margem do Lake Austin. Neste hostel, conhecemos varios americanos que tinham deixado as suas cidades para tentar a sorte no Estado com a menor taxa de desemprego dos EUA. O proprio hostel limitava a dez dias a estadia, para que o mesmo nao ficasse lotado com a enorme quantidade de migrantes que Austin alberga todos os anos.

O conjugar destas circunstancias economicas, com o nosso desejo de conseguir algum dinheiro para alimentar esta viagem sem que cheguemos a Portugal na bancarrota, instigou-nos a que tambem tentassemos a nossa sorte. Apos uma ida ao Centro de Emprego local e uma tarde a responder a anuncios de emprego no site Craigslist, o sucesso nao nos bafejou como desejavamos e o melhor que conseguimos foi a consideracao em formato de email por parte de dois empregadores. O facto de nao sermos cidadaos dos EUA era, a partida, um grande handicap , assim como o facto de os empregos ilegais nao serem suficientemente bem pagos para nos fazer ficar em Austin a juntar dinheiro (e a cortar semanas de viagem). Provamos entao o efeito destas medidas proteccionistas que tao elevadas taxas de empregabilidade promovem no Texas. Tambem encontramos um site com ofertas de emprego em ranchos, mas eram todos muito longe de Austin.

Austin e uma cidade que funciona bem! Com uma arquitetura moderna e sem grande charme, a cidade encontra-se dividida em dois, por um bonito lago que contribui para refrescar a cidade nos dias em que a temperatura texana faz juz ao seu estigma de implacavel. De um lado do lago observamos um tecido urbano composto por varias ruas geometricamente dispostas de forma paralela e perpendicular, que denotam a tenra idade da sua construcao. Quem reina nesta ruas e a 6th Street! Esta rua sobressai pela sua pulsacao rock 24 horas por dia, sete dias por semana. Em Austin, acabaram-se os blues e os jazz que tinham vindo a marcar o ritmo nas ultimas semanas e a forca motriz desta energia rock e sem duvida a hipermovimentada 6th Street. Repleta de clubes de rock de ambos os lados, os concertos sao quase non-stop, embora com uma incidencia maior em bandas de covers, em detrimento das bandas de originais. E interessante verificar  que nas cidades iconicas devido ao seu legado musical, ha sempre uma rua que se destaca das demais, pela sua quantidade quase exagerada de concertos. Foi assim com a Broadway em Nashville, com a Beale Street em Memphis, com a Frenchman Street em New Orleans e agora com a 6th Street em Austin.

No outro lado do lago, a paisagem urbana altera-se consideravelmente com as casas baixas e as lojas de decoracao bastante invulgar a servirem de tonico. Fieis ao slogan nao oficial ‘keep Austin weird’ a zona de SoCo District distingue-se das restantes pelas suas lojas vintage, pelos seus restaurantes e botecos trendy e pelos seus clubes de Hard Rock (estes aqui, ja nao aconselhaveis a meninos). Foi num destes clubes que vimos as lendas locais ‘Sons of Hercules’ e ficamos sem palavras! Com uma potencia e um speed distribuidos em doses perfeitas, esta banda mandou a casa abaixo com o seu vocalista a transpirar aquela urgencia rock de antigamente, enquanto a restante banda cumpria, muito competentemente, o seu papel. Se imaginarem o Mick Jagger com, dois metros e cinco, mas com uma postura mais selvagem do que a de Iggy Pop, a vossa projecao do que foi esta noite nao andaría muito longe da realidade.

Retenham este nome: ‘Sons of Hercules’. Se vierem a Austin, nao percam um concerto desta banda. Com alguns parques para ver e com varios trails a circundarem o lago, fizemos tambem varios passeios a pe bastante agradaveis.

Em Austin, fizemos tambem 3 buskings na rua do Capitolio, nas barbas da 6th Street, que nos renderam varias refeicoes e mais umas estorias para reter, entre as quais o momento em que uma pessoa que tinha estado a ver-nos durante duas musicas, foi presa a nossa frente ou o momento em que um puto se coloca ao meu lado e cantou em dueto comigo o ‘get back’ dos Beatles! Nao podemos tambem esquecer que, embora tivessemos menos pessoas a ver o nosso numero, os que nos davam dinheiro, davam muito mais. (obrigado medidas ultraproteccionistas que tornam esta gente rica).

Com uma ultima escala no Museu do Texas, para ficarmos com um insight importante da sua historia, partimos para o Arizona, mais concretamente, para a mitica paragem da route 66 em Flagstaff.

Chegamos numa madrugada a esta pequena cidade perdida no meio dos canyons do Arizona e apanhamos boleia de um simpatico senhor que nos contou logo importantes acontecimentos historicos que ocorreram em Flagstaff. Nesta pequena cidade, que no inverno se transforma em estancia de neve, aproveitamos para fazer hiking quase todos os dias. Subimos ao Monte Elden, fomos ao Grand Canyon e infiltramo-nos no observatorio Lowell (local onde foi descoberto Plutao e que ainda usa MS-DOS como sistema operativo). Entre passeios campestres, ainda tivemos tempo para saber um pouco mais sobre o sofrimento de quem tenta passar a fronteira dos EUA pelos desertos do sul do Arizona, numa feira sobre sustentabilidade e responsabilidade social.

Despedimo-nos dos EUA com um busking e uma atuacao numa open mic night. Num serao dominado pelos trovadores do sul da america, foi o Fado e o Robert Johnson que arrancaram os maiores aplausos da noite.
De sorriso nos labios, eu e o Formiga carregamos as pesadas mochilas durante tres kms e fomos para a estacao onde apanhamos o autocarro para Tijuana, no norte do Mexico.

So long US! Tivemos muitas surpresas de norte a sul e temos a certeza que voltaremos no futuro. Nao farei nenhum comentario, em jeito conclusivo, sobre o país em si, pois nao sei por onde comecar, por onde pasar, nem por onde acabar! Num país tao grande geograficamente, tao distinto culturalmente e tao socialmente peculiar (a falta de melhor adjetivo), os EUA permanecem o mesmo livro aberto do dia em que chegamos.





Wednesday, June 5, 2013

Buskin' in New Orleans


Contado ninguem acredita!
No primeiro dia de Busking no French Quarter, as portas da Jackson Square, tocamos durante uma hora. Iniciando o numero depois das 18h, para nao termos de pagar licenca, vimos passar por nos todo o tipo de pessoas. Desde senhores com uma barba incrivelmente penteada ate ao umbigo, a diversos punks, travestis, executivos, desportistas, judeus ortodoxos, freaks, cartomantes e por ai fora... Ate aqui tudo normal, tendo em conta o quotidiano de New Orleans. Contudo, a meio do nosso numero, vimos um bicho que se assemelhava a um gafanhoto com cerca de três metros e meio de altura. Sim! Eu diria uns tres metros e meio de altura! Quando o vi cruzar a esquina, parei de cantar mas continuei a tocar, pelo que o Robert Johnson continuou a sua atuacao, concentrando toda a atencao do seu maestro. Mas como tal avistamento tinha de ser partilhado, chamei o Formiga que ficou petrificado a olhar para aquilo. Calculamos que fosse uma mascara de gafanhoto com um homem la dentro, mas pela sua agilidade, posso garantir que nao usava andas. Tambem nao observamos qualquer costura no fato, mas o mesmo passou num passo apressado, dificultando qualquer analise mais detalhada.

Semanas depois cruzamo-nos com um rapaz que tinha estado na mesma altura em NO que nos. Ao perguntar-mos se ele tinha visto o bicho ele respondeu de olhos arregalados e com um salto como se a cadeira lhe tivesse, momentaneamente, queimado o rabo: ‘YEAHHH! WHAT WAS THAT???’

Love her so! HER SO!
Ainda no primeiro dia de busking em NO, reparei numa senhora que parecia que tinha acabado de vir de uma tribo africana naquele preciso momento. O enorme lenco de cor salmao que ostentava na cabeca, enrolado em forma de turbante, jogava na perfeicao com o seu vestido de linho da mesma cor. Descalca, aproxima-se de nos com um ar intrigado e com um sotaque peculiar pergunta-me: 'hallelujah I just love her what?', 'what did you sing in there?'.

Eu respondi 'love her so', entoando de imediato a cappela o refrao da musica de Ray Charles 'Hallelujah I love her so'. Ora, apesar da sua figura tao peculiar e excentrica, nao foi isto que nos espantou. O que nos espantou foi o facto de nao tocarmos essa musica ha mais de meia hora e eu juro que tal pessoa nao tinha passado a nossa frente ate aquele momento. Onde estaria ela???
Garantidamente, uma das personagens mais inospitas que alguma vez me abordou....

Sem estoria para contar aos amigos...mas de boa saude.
Algures a meio do nosso numero notamos que um freak quarentao estava vidrado no Robert Johnson. Deste estado, ele evoluiu para o de dancarino empolgado para depois desaparecer por uns breves minutos. Apos um curto hiato, ele reaparece acompanhado de uma senhora de terceira idade, também com um look freak. Apos dancarem por breves momentos enquanto casal e colocarem duas notas de 1 dolar, ela perguntou-me:
‘do you wanna come with me to x#$#$?’
Sem perceber para onde ela me tinha convidado, retorqui: ‘sorry! To where?’
‘to x#$#$’
Voltei a nao perceber o que ela disse, mas a sua postura deixou-me meio assustado, pelo que disse que não podia. Esteve toda a canção seguinte a olhar-me nos olhos, sem os desviar por um momento e no final pediu-me o contacto. Disse que não tinha e ela la foi embora...
Nah! Sou novo para acordar em banheiras com cicatrizes na barriga.
Licao para quem se acha 'o campeao das duzias'
Estavamos a fazer uma horinha de busking na noite me que saímos de NO (o nosso bus era a meia noite) quando vejo uma bonita rapariga a entrar na rua de bicicleta. Enquanto acabavamos uma musica e eu me esforcava para atingir uns tons mais altos, estabeleci contacto visual com ela e fiz-lhe uma careta. Ela, lentamente, desvia-se da sua rota e dirige-se na nossa direcao. Ao chegar a cerca de meio metro da mala da guitarra (que se encontra sempre aberta quando tocamos, para que o publico possa la colocar a sua contribuicao), tira da sua carteira duas notas de 1 dolar. Perante tal oferta, perguntei ca do alto do meu ego: ‘hey, do you wanna hear a song?’ e obtive a seguinte resposta, proferida num tom enojado e acompanhada de uma nao muito simpatica expressao facial: ‘NOOOO!’
Ela pegou na bicicleta e foi-se embora. Após uma pausa provocada pela surpresa deste momento, rimo-nos por largos minutos.
Tomaaaa...


O kid impostor
Em NO tivemos tambem o nosso maior doador. De aspecto franzino e claramente a atravessar os seus anos de inocencia, um rapaz aproxima-se de mim e coloca uma nota de 20 dolares no meu bolso. Elogiou o nosso carisma e apresentou-se como sendo uma das next big thing do rap americano. Acrescentou ainda que estava em NO num hotel pago pela editora com quem ele tinha recentemente assinado um contrato discografico...
Sim sim!
Dandy Don
Estavamos nos na ponta final do ultimo busking em NO, quando nos aparece a frente uma senhora de cabelo comprido branco, olhos azuis claros de corte rasgado, de roupas largas que lhe disfarcavam a elegante silhueta e sem qualquer calcado. Com uma boa disposicao contagiante e de gargalhada ponte e mola, esta senhora parecia uma adolescente apaixonada pelo nosso Robert Johnson. Entre dancas e muitos sorrisos, esta misteriosa mulher emanava felicidade. Decidimos, entre olhares cumplices, prolongar o nosso numero enquanto ela dancava e vagueava rua acima e rua abaixo. No final do nosso numero, ela apresentou-se e sentamo-nos os tres a falar. De seu nome ‘Don’, esta descendente de indios e patrimonio das ruas de NO. A sua missao e conferir as suas ruas, a alegria e a inspiracao que nos testemunhamos. Com um nivel intelectual que nos impressionou, Don lastimava-se por nunca ter ido a Paris e confessava saudades do filho que se mudou para Memphis. A expressao ‘Caos Controlado’ e dela! Eu apenas a roubei para o ultimo post.
Um abraço, um beijinho e um desejo de boa sorte foram as ultimas coisas que partilhamos com ela. Pegamos na trouxa e seguimos para o Texas...