Blog sobre dois amigos que tentam chegar a Buenos Aires, partindo de Nova Iorque. Uma guitarra e uma marioneta marcarao o ritmo desta jornada... wanna come? :)
Wednesday, July 24, 2013
Saturday, July 13, 2013
Sul do Mexico (parte 1) - Cidade de Oaxaca e Puerto Escondido
Bem
dispostos e desejosos de conhecer o tao bem falado sul do Mexico, chegamos a
Oaxaca com um enorme sorriso nos labios. Esta expressao era sustentada, nao
somente pelos preenchidos dias de DF, como tambem pelas dicas que traziamos no
bolso e que sublinhavam o quao bem se esta nesta provincia. Desde a ‘provincia
mais barata’, a ‘zona mais heterogenea’, ate ao ambicioso titulo ‘a provincia
mais cool do Mexico’, as recomendacoes foram-nos chegando de todas as partes e
em doses nao regradas.
A chegada a
primeira paragem desta provincia deu-se, a semelhanca de DF, de madrugada.
Estavamos entao na ‘Cidade de Oaxaca’ (Como ja puderam perceber, no Mexico nao
se arrisca muito na altura de se escolher o nome para as cidades. O mesmo
acontece com o nome das pracas e das ruas. Em todas as cidades que passamos,
havia sempre uma praca Zocalo, uma Rua de Guadalupe, etc). De ruas estreitas,
embora longas, esta cidade e algo fustigado pelo transito intenso em algunas zonas.
Ainda que nao seja perigoso, nem tao pouco confuso uma vez que todas as ruas
tinham apenas um sentido, as longas filas de carochas retiravam um pouco do encanto
relaxado da Cidade de Oaxaca, ainda que lhe conferissem um toque algo cinematográfico.
De arquitetura colonial e clima agradavel, os dias foram, tal como as noites, passados
a vaguear e a entrar aleatoriamente nos muitos mercados e lojas locais de
artesanato, livros e artigos em segunda mao. O facto de viajarmos de mochila as
costas, ja nos provocou leves e instantaneas depressoes tendo em conta as
maravilhosas pecas que temos visto. Quem tem dinheiro para decorar a sua casa,
que ignore as caras lojas de centro comercial e apanhe o proximo voo para o sul
do Mexico! E de fazer cair o queixo…
Um pormenor
curioso da Cidade de Oaxaca (CO) sao as mutacoes que os bonitos jardins
interiores das referidas lojas sofriam a noite, dando lugar a bares elegantemente
decorados. A Catedral de Santo Domingo e, na nossa opiniao, o que de mais
assinalavel CO tem. Visitada pelo Papa Joao Paulo II em 1979, esta Catedral
apresenta pormenores arquitetonicos impressionantes, do exterior ao teto, passando
pelos varios pequenos altares. Voltamos duas vezes no mesmo dia e admito, sem
grande margem para duvidas, que foi a Catedral mais bonita onde alguma vez
entrei. Na CO chove, nesta altura, intensamente entre as 17h e as 19h todos os dias,
embora no restante tempo o sol brilhe agradavelmente para todos os traseuntes
que calma e alegremente polvilham as ruas.
A CO conta
tambem com um fenomeno extremamente peculiar. Apos o cessar das torrenciais
chuvas e ja de sol posto, milhares de escaravelhos invadem as ruas. A grande
maioria encontra-se de carapaca para baixo e de patas para cima e a sua
quantidade e tal que e necessario olhar-se para o chao enquanto se caminha para
nao se pisar nenhuma. Em conversa com um mexicano, dias depois em Puerto
Escondido, foi-me contado que ha 12 anos atras, a quantidade de escaravelhos
era tal que tornava impossival a travessia pedonal de qualquer rua.
Com a pequena
Cidade de Oaxaca considerada vista, rumamos a Puerto Escondido. Chegamos zonzos
a esta Praia do pacifico debvdo a uma das mais massacrantes viagens de van das nossas vidas. Foi numa
sexta-feira que fizemos este perigoso trajeto, num pequeno veiculo lotado. Numa
estrada de constante curva contra curva a ladear umas ingremes escarpas, o
desafio de chegar a Puerto Escondido sao e salvo ia aumentando a medida que nos
comecavamos a deparar com varias pedras no caminho, fruto de recentes
derrocadas. Para acentuar o grau de dificuldade, a chuva comecou a cair
intensamente apos um hora e o nevoeiro aumentou ate chegar a cateoria de
visibilidade quase nula. A alta velocidade a que o condutor insistia em fazer o
percurso, tambem nao contribuiu para nos acalmar, assim como a alegre conversa
que mantinha com o colega do lado e que o convidava a tirar, constantemente, os
olhos da estrada. Enquanto todas estas condicoes nos faziam temer pela nossa
seguranca, as musicas rancheiras que o autoradio berrava ameacavam afetar,
permanentemente, a nossa sanidade. Apos sete horas e uns pozinhos, la chegamos
ao destino, combalidos como se tivessemos desafiado uns segurancas de uma
qualquer discoteca de Santos e as coisas tivessem corrido mal para o nosso
lado.
Puerto Escondido!
Que bela localidade para se recuperar das dores das costas que se vao
intensificando a medida que as malas vao ficando cheias de livros e alguns souvenirs (no meu caso nao e bem assim,
porque ja perdi 4 pecas de roupa…o que torna a minha bagagem mais leve do que
no inicio…).
Instalados
a 100 pesos (cerca de 6 euros) por noite, num hotel cujo anfitriao foi sempre
de uma extrema simpatia e disponibilidade, Puerto Escondido (PE) sera recordado
como uma etapa agridoces da nossa viagem. As nossas experiencias variaram entre
as muito boas e as mas.
Carregadas
de experiencias, as noites de PE foram intensas. To make a long story short, na primeira noite conhecemos um
italiano chamado Matias e uma Mexicana, cujo nome teremos que aceitar que se
escapuliu para sempre dos nossos cereberos, que nos guiaram pelo centro da
verdadeira experiencia Oaxaqueña. Perante estes gentis anfitrioes, ficamos em
divida para sempre. Destas tres noites destaco um comico episodio, que passarei
a descrever de seguida:
Na terceira noite em PE, tinha acabado de ser abordado, pela
segunda vez, por um gigante Australiano e tivemos um pequeno inicio de arrufo
nas casas de banho. Quando sai, dirigi-me para o centro da pista, onde se encontrava
o Formiga e um casal que entretanto tinhamos conhecido. Esta era a ultima noite
de um mediatico bar de Praia em PE, cuja localizacao era em cima de umas
rochas, encontrando-se muito bem frequentado. Passei pelo bar para buscar mais
uma bebida quando avisto o tal Australiano a incomodar persistentemente uma
rapariga que se encontrava junto a um dos muros de madeira que delimitavam o
bar (e o separava dos rochedos que o sustentavam). Perdido ha segundos nos meus
pensamentos sobre o quao desagradavel este individuo estava a ser, observei-o,
estupefacto, a tropecar, rolar sobre a rapariga com quem falava e a desaparecer
do meu horizonte em direcao ao abismo que, apesar de nao ser extremamente
fundo, era impiedoso a julgar pelas escoriacoes nos bracos, maos e face que
restaram no corpo deste pobre bebado. Corri para o muro e fui o primeiro a
observar que ele ainda se encontrava consciente. Rapidamente foi circundado de
pessoas e retirado dali. Como ‘ao menino e ao borracho, poe Deus a mao por
baixo’, foi com algum espanto que passado 15 minutos volto a ve-lo dentro do
bar, de bebida na mao e de sangue a jorrar pelas suas recentes e inumeras
feridas…
Temendo dar uma ideia enviesada da realidade, PE nao teve so
episodios noturnos desprovidos de qualquer caracter cultural. Alugures nas
noites quentes desta Praia, toquei todo o meu repertorio de bossanova num
restaurante muito tipico de paredes verdes fluorescentes, cujo propietario era
um carismatico poeta, ex-recluso, que estudava com afinco os meandros da biologia,
uma vez que toda a sua obra se baseava na comparacao do comportamento do Homem com
o dos restantes elementos da natureza. A ele voltamos mais tres vezes e
conversamos largas horas em diferentes dias.
Nos ultimos dias em PE, conhecemos um senhor chamado Antonio
que nos levou Pacifico adentro para pescarmos atum. Saindo pelas 7h da manha,
Antonio levou-nos uma especialidade sua para provarmos, caindo-nos como algo
indigesto naquele horario. Voltamos pouco antes do almoco para nos
refastelarmos com uma grandiosa patuscada de peixe, por nos pescado. Com uma
insistencia invulgar, Antonio seguiu-nos o resto do dia (supostamente, o nosso
ultimo em PE) para nos vender artesanato, pedido ao qual o Formiga acedeu passado
umas horas, penso que mais por cansaco do que propriamente por interesse, dando-lhe
o dinheiro para que este patriarca Mexicano fosse buscar o material e o levasse
ao nosso hotel. Mas ele nunca apareceu! Adiamos a partida para San Cristobal de
las Casas um dia, palmilhamos as ruas de PE e de Zinacatela durante um dia
inteiro, mas de Antonio nem sinal…
De clima pesado, jantamos, vimos os Miami Heats vencerem os
nossos San Antonio Spurs e arrecadarem o titulo da NBA e la colocamos as nossas
pesadas mochilas na bagageira do autocarro. Esperava-nos San Cristobal, cidade
precidida por uma reputacao imaculada e que cuja experiencia nos comoveu de tal
forma que acabamos por ficar o quadruplo do tempo que tinhamos estimado. O
ideal para repor os niveis de felicidade, adrenalina e emocao…
P.S.: dias mais tarde percebemos tambem que o que tinhamos pescado, nao tinha sido 12 atuns, mas sim 12 bonitos...sao da mesma familia, mas com muito menos qualidade...Grande cabrao esse Antonio, hein...
P.S.: dias mais tarde percebemos tambem que o que tinhamos pescado, nao tinha sido 12 atuns, mas sim 12 bonitos...sao da mesma familia, mas com muito menos qualidade...Grande cabrao esse Antonio, hein...
Monday, July 8, 2013
Cidade do Mexico - Recomendo!!!
‘Pernas para que vos quero, se tenho asas para voar’ – Frida
Khalo
Sao sete horas da manha do dia 1 de junho de 2013 quando
pousamos as mochilas e a guitarra no solo da Cidade do Mexico, volvidos que
estao dois dias inteiros em transito, cujo inicio foi a ja tao longinqua cidade
de La Paz.
Deparando-nos com uma ainda, relativamente, calma cidade devido
a madrugadora hora, demos inicio ao ritual de busca de um local para dormir que
nos levou ao celebre hostel da central Plaza Zocalo. Instalamo-nos num
dormitorio com bom aspeto e eu volto a rececao para fazer algo que ja nao me
lembro, quando recebo uma pancada nas costas. Ainda nem ha duas horas estava nesta
cidade e ja estava a ser surpreendido por um amistoso reeconcontro com Pete
Cunningham, o ingles com quem estivemos em Memphis e New Orleans. Preparei, de
imediato, uma partida ao Formiga com o Pete a voltar junto dele no meu lugar.
Depois de uns abracos e de uns rapidos updates
combinamos reencontrarmo-nos para jantar e partimos a descoberta da Cidade do Mexico.
Chamando as coisas pelos nomes que sao supostos, a cidade
capital do Mexico e designada por quem neste pais vive de DF (que significa Distrito
Federal). A razao deve-se ao facto de, ha umas decadas atras, quando a Cidade
do Mexico tinha uma dimensao muito menor, haverem varias cidades muito proximas
que entretanto foram engolidas pelo crescimento avassalador da capital.
Atualmente, tendo em conta a dificuldade que e isolar a Cidade do Mexico pelos
seus limites oficiais, opta-se por se chamar a toda aquela metropole de DF.
Com as especificidades sobre o nome esclarecidas, passemos entao
a forma! Circundada por uma cordilheira de montanhas e vulcoes, as suas
encostas seguravam o lago que ali existia antes de os Aztecas comecarem a
roubar espaco ao lago para construirem a sua cidade a que chamarm de ‘Tenochtitlan’.
Imaginem agora a segunda maior metropolde do mundo, enterrada num vale que um
dia foi um extenso lago. E fascinante estar no topo de um edificio central, olhar
para qualquer direcao e ver a cidade a prolongar-se encostas acima!
A principal caracteristica a saltar a vista a quem chega a
esta cidade e a sua intensidade. Desde o trafego de pessoas ao de carros, passando
pelo clima ou pela quantidade de informacao, tudo e em larga escala, continuo e
presente. Sente-se na pele a vibracao desta cidade! Contudo, da mesma forma que
desaconselho a cardiacos, recomendo vivamente a todos os que se sentem na plena
posse das suas capacidades e que nao cedem ao cansaco de serem surpreendidos em
cada esquina.
Com acessibilidades de fazer inveja as maiores capitais
europeias, DF e palco de um contraste interessante. Quando os espanhois
chegaram a Tenochtitlan e comecaram a destruir o patrimonio Azteca, o general
Cortez ordenou que as suas tropas ficassem sediadas numa localidade a sul,
chamada Coyoacan. Suficientemente longe do centro que estava a ser destruido,
mas relativamente perto para que se pudessem deslocar todos os dias ate ele,
Cortez mandou construir dezenas de casas baixas, de arquitetura colonial,
organizadas em ruas de largura media, nao descurando a plantacao de arvores que
pretendiam fornecer a esta agradavel zona, largos trechos de sombra. Em
simultaneo, foram tambem construidas Catedrais e Basilicas de Ordem Crista para
os soldados e novos colonos que entretanto chegavam de Espanha. Muitos anos
mais tarde, esta regiao (que entretanto foi abracada pelo crescimento da Cidade
do Mexico de tal forma que hoje e uma regiao, relativamente, central) foi o
local que albergou Trotsky, sua esposa, seu pai e irmaos quando estes pediram
asilo político ao Mexico, devido a sagaz perseguicao iniciada por Estaline. Por
detrás deste asilo esta um casal carismático e muito relevante na historia do
Mexico: Diego Rivera e Frida Khalo!
Interessados na perspetiva política e ideologica que Leon
Trotsky desenvolvia, foi Diego Rivera quem pressionou o Presidente Mexicano,
Lazaro Cardenas, a conceder o asilo político, assumindo o proprio a responsabilidade
de albergar o exilado em sua casa. Este excitante clima de partilha de ideias
conheceu um final abrupto quase dois anos depois, com Leon Trotsky a admitir
que mantinha um affair com Frida e
que nao conseguia mais viver de consciencia tranquila, com a sua familia
(esposa incluida), em casa de Diego. Em defesa propia, Frida alegou que so o
fazia por Vendetta, apos ter apanhado
em flagrante delito Diego Rivera com a sua irma.
Dispensando quaisquer apresentacoes, Frida Khalo e
fascinante!
Cheguei a DF achando Frida uma mulher misteriosa, interesante,
mas feia e sai, dez dias depois, completamente fa da sua beleza. Fiel a sua
mente e de forte caracter, Frida Khalo foi, desde pequena, mais forte do que a
sua fragil vida. Resistindo a varios revezes fisicos como o acidente com o
eletrico, um aborto ou a poliomielite que a obrigou a cortar um pe, Frida Khalo
e uma onda de luz num colorido Mexico que se apaga para a ver. A sua casa e
hoje um museu e o seu legado encontra-se por la exposto, assim como pelas
melhores galerias do mundo, tal como o MoMA em New York.
Escusado sera acrescentar que Coyoacan e uma zona de visita
obrigatoria a quem vai a DF, sendo uma lufada de ar fresco que carrega um
revivalismo acolhedor e colorido.
Uma dica importante para quem visita DF e nao se deixar enganar
pelos pacotes turísticos para atracoes como a luta livre, Teotihuacano u Xochimilco.
Como medida de exemplo, o pacote para a luta livre era de 45 USD. Contudo, e
perfeitamente possivel ir e vir de metro e comprar o bilhete nas castica
bilheteira da Arena Mexico, tudo por um custo equivalente a 4 USD. Se se quiser
jantar, ha por la uns comedores (restaurantes pequenos, com menu reduzido, tipicamente
mexicanos) onde se pode jantar pelo equivalente a 2 USD.
A luta livre mexicana e algo de tao amador, que se torna
extremamente engracado ao inicio. As palhacadas sao tao mal ensaiadas e
exageradas que quase soa impossivel sequer uma crianca achar alguma piada a tal
entretenimento. A realidade e que e um fenomeno que move multidoes! Na minha opiniao,
torna-se fastidioso ao fui de uma hora e um martirio ao fim de duas. Ainda
assim, recomendo a visita! The beauty is
in the eyes of the beholder e posso nao ter sabido captar a essencia da tao
apreciada lucha libre mexicana.
Teotihuacan e Xochimilco sao dois pontos altos na cultura de
DF. O primeiro e um complexo de piramides que funcionou como uma cidade do povo
Mexica (atualmente designado de Azteca) onde viveram varias dezenas de milhares
de pessoas e onde se realizou o sacrifico da vida humana em homenagem aos
deuses, por milhares de vezes. Por sua vez, Xochimilco e uma zona da periferia
de DF que contem um lago que se subdivide em varias arterias de agua, ao redor
de casas cujo unico transporte possivel ate elas sao uns barcos estreitos e
compridos. Havendo centenas deles, e possivel alugar-se um destes barcos (e
respetivo condutor) e passear pelas varias ruas desta cidade, um pouco a imgem
de Veneza, embora muito menos citadino. Ao fim de semana, especialmente ao sabado,
pode observar-se varios grupos de jovens que compram alcool, contratam um
cozinheiro, trazem uma aparelhagem e fazem a sua festa a bordo. Eu e o Formiga
testemunhamos mais de uma dezena destas discotecas flutuantes.
Seguindo uma onda de recomendacoes, nao posso omitir o Museu
Mural Diego Rivera, no qual esta o epico mural que conta toda a historia recente
do Mexico, ou o Museu de Antropologia, cotado como o melhor do mundo nesta
materia. Para visitar o segundo, aconselha-se uma noite bem dormida e um dia
inteiro. (Definitivamente, nao e para meninos!)
Por ultimo, recomendamos uma visita a Cidade Universitaria
de UNAM (Universidad Nacional Autonoma de Mexico) que e a maior do mundo, possui
uma das melhores vistas sobre DF e dezenas de murais dos maiores artistas
mexicanos, alguns dos quais tao fascinantes que sao, inclusivamente,
considerados patrimonio mundial.
Pois e! E isto que se faz quando se fala na Cidade do
Mexico: recomenda-se!
E obvio que temos varias estorias pessoais para contar, mas
que penso que assumem um caracter secundario face a estes factos e locais que
vos contei. Num tom diferente, este post
pretende ser um pouco mais contemplativo e menos ‘vivido’. Com tanta vida que
ha em DF, contempla-la será, por si so, uma experiencia suficientemente
compensadora.
P.S.: Um agradecimento especial ao Manel, ao Tomas e ao
Miguel que nos apresentaram a varias pessoas em DF e com quem passamos um par
de belos seroes.
P.S.2: Com o Pete partilhamos 3 dias inteiros e 4 noites.
Sem duvida, uma personagem quem marcara esta viagem.
Monday, July 1, 2013
Viva La Vida! Chegamos ao Mexico!
No Mexico celebra-se a vida com boa disposicao, alegria e muita cor. Neste pais, nenhum dos cinco sentidos e menosprezado e o nosso espirito descola do chao e vai arriba arriba em direcao a um lugar que ate entao nunca foi visitado, acomodando-se por la de calcoes, oculos escuros e um sorriso contagiante na cara!
Comecando pelo principio, este pais foi-nos apresentado de uma forma muito atabalhoada e caricata. No momento em que entravamos pela fronteira de Tijuana, noroeste do Mexico, e enquanto ja avistavamos a maior bandeira mexicana que existe no país (e acreditem que e um país com bandeiras bem grandes) fomos mudados do nosso autocarro para uma minivan com outras pessoas que carregavam varias bagagens comerciais, ate ao local onde se faz a vistoria as bagagens. No meio da confusao de malas a entrar e a sair do tapete rolante do raio-x, ouvimos o guarda gritar ao fundo num tom descontraido ‘voces dois, carreguem no botao e passem para la’. Seguimos estas instrucoes e apos percorrer o corredor que ligava a zona do raio-x a minivan que entretanto ja nos esperava em territorio mexicano, perguntei ao Formiga ‘viram o teu passaporte?’, ao que ele respondeu ‘Nao! Nem sequer olharam…entao tambem nao tens qualquer carimbo?’ ao que retorqui negativamente. Desta forma encontravamo-nos em territorio mexicano, sem qualquer notificao de que entramos assim como sem qualquer prova de que saimos dos EUA. Guardamos o bilhete para provar que saimos dos EUA, nao va ser suspeito nao termos qualquer indicacao da saida do país apos o termino do visto de turista.
Mexico 1 – EUA O em materia de coolness!
A primeira paragem foi Tijuana, mas apenas por uma hora, uma vez que seguimos logo para San Quintin, uma das principais vilas do norte da Baja California. Foram tantas as vezes que fomos desaconselhados a ficar em Tijuana que quase nao equacionamos la ficar, mas como iríamos testemunhar nos locais seguintes, a inseguranca no Mexico e um tema claramente sobrevalorizado. Obviamente que ha ruas perigosas nas suas metropoles, assim como carteis de droga nas montanhas do norte e guerrilheiros zapatistas no sul, mas com um minimo de bom senso, e possivel fazer-se uma estadia descontraida, segura e bem prazeirosa.
A vila de San Quintin nao era mais do que uma estrada com edificios rasos de ambos os lados. Com uma permanente poeira no ar, a escuridao meio asustadora da noite, contrastava com uma claridade forte como se aqui o sol fosse mais claro. Os olhos andavam sempre meio fechados, ora devido a poeira, ora devido a tal feroz claridade. Apos uma noite onde cantei ao desafio, num karaoke, o repertorio de Juan Luis Guerra e de Beatles com um mexicano simpatico, enquanto o Formiga se batia taco a taco com outro senhor que jogava snooker so com uma mao, decidimos que ali nao era sitio para pousar. No dia seguinte, apos os primeiros nachos de toda a viagem, entramos num luxuoso autocarro (sem ironia) para enfrentar 24 horas de viagem ate La Paz.
Na pequena cidade costeira de La Paz, que faz do Mar de Cortez o seu quintal e sustento, tiramos as primeiras ‘ferias’ da viagem. Aqui ficamos durante sete noites e aproveitamos para colocar os afazeres em dia como lavar a roupa, escrever cartas, regularizar mails, etc.
La Paz e um local que tem no turismo e na pesca as pedras basilares do seu funcionamento. E limpa, ordenada e nao tem muito trafego. Culturalmente nao tem muito para oferecer, mas geograficamente segura o seu lugar de destaque com praias como Balandra (considerada pela revista Travel como uma das 5 melhores do mundo) ou com a Isla Espiritu Santo que contem flora de primeiro nivel mundial. No dia em que viajamos ate ela vimos baleias , largas centenas de golfinhos, nadamos com lobos marinhos e fizemos snorkeling junto de rochas cuja superficie submersa estava coberta de peixes para os varios gostos. O condutor da nossa lancha, descendente de quarta geracao da tribo que ainda permanece como os únicos habitantes desta ilha surpreendeu-nos ao aparecer junto de nos, enquanto nadavamos, com um peixe que tinha apanhado com as maos. Uau!
Outro ponto de destaque em La Paz foi a praia de Balandra. Sendo necessario uma viagem de 30 a 40 minutos de autocarro, esta praia possui uma beleza rara com a areia branca a encontrar uma agua tao cristalina quanto possivel. Em forma de baia, esta praia tem apenas o inconveniente de ter uma profundidade pela cintura durante tantas centenas de metros que acabamos por desistir de mandar um mergulho como mandam as regras e cinjimo-nos ao chapinhar infantil que a praia nos obriga.
Ao setimo dia e ja com o astral bem cheio de La Paz arrancamos para uma viagem de dois dias (Ferry + autocarro) ate a Cidade do Mexico, uma das paragens mais aguardadas de toda a viagem.
A Baja California nao me convenceu. E, sem sombra para discussoes, uma regiao de sonho para quem gosta de vida marinha, lindas praias e toda aquela animacao noturna estival. Contudo, falta naquele ar qualquer coisa que nos faca querer voltar. Qualquer especificidade, caracteristica social ou pormenor bizarro que a faca ficar alojada no nosso cerebero num lugar facilmente identificavel.
Na mina opiniao, La Paz e apenas um sitio porreiro para pasar um fim de semana.
Curiosidades:
.O termo Gringo foi inventado pelos mexicanos quando o Mexico combatia contra os EUA pelas suas provincias do norte como o Louisiana, California ou Novo Mexico. Os soldados americanos tinham um uniforme verde e a expressao significava ‘GREEN GO’.
.Jacques Costeau considerou o Mar de Cortez, que banha a zona Este da Baja California, como o ‘aquario do mundo’ devido a variedade de vida marinha, incomparavel com outra parte do mundo.
.Na Isla Espiritu Santo, comecaram a fazer criacao de cabras ha umas decadas atras, para servir de alimento aos locais. Devido a facilidade de reproducao deste animal, rapidamente se perdeu o controlo e o numero de cabras ascendeu as dezenas de milhar. Para acabar com tal ‘impestacao’, o governo contratou um helicopetro com snipers que, do ceu, chacinaram grande parte destes animais. Como se nao bastasse, ainda deixaram as cabras ja sem vida no terreno, contribuindo para a proliferacao de doencas. Quando perguntei qual a razao para tal ato, responderam-me: ‘Porque foi o governo! E do governo esperamos sempre algo estúpido e ineficiente.
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