Friday, April 26, 2013

Buskin' in Nashville


O primeiro dia de busking em Nashville foi marcado por uma reviravolta no marcador. Apos a obtencao de bom dinheiro nos 3 dias em que o fizemos em Chicago, esperavamos que a fasquia se mantivesse alta.
A organizacao de uma mega concerto de beneficiencia para o Country Hall of Fame na Bridgestone Arena, reunindo os maiores nomes da musica country de todas as epocas, parecia a situacao ideal para nos trazer a plateia que precisavamos. Como os bilhetes tinham um preco fixo, nao estariamos a roubar dolares ao beneficiado deste evento.
As coisas correram mal logo de inicio, comigo a esquecer-se das palhetas e a ter que voltar ao hostel, perdendo, assim, 30 minutos. Quando, finalmente, comecamos  o numero, ja as pessoas estavam preparadas para entrar no pavilhao e nem sequer olharam para nos. Nao deixou de ser divertido, na medida em que  vimos muitas estrelas do showbiz a serem abordadas e a tirarem fotos com os seus fas, mesmo a nossa frente. Apos a grande multidao ter entrado na arena, decidimos concluir o nosso numero e ir para o hostel.

Alguns dias depois voltamos ao busking no Centennial Park, onde em 1h30 fizemos 15 dolares. Tocando para a melhor paisagem da viagem ate ao momento, mais de metade da nossa plateia pertencia a um casamento que decorria numa igreja dentro do parque. Vi alguns dos mais horrorosos penteados de sempre. Vi tambem sapatos muito feios e combinacoes de fato com gravata bem arrojadas.
Com a visao dos noivos deitados de barriga para baixo, em cima de um muro que separava o cimento de um lago castanho e com as caras frente a frente, fechei a guitarra na caixa e fomos jantar.

Ponto para o formiga! Em Nashville, o busking so paga refeicoes (ou da fome).

Nashville, TN


(sem cedilhas, nem acentos)

Pit stop 3:
Nashville, Tennesse

Quando era pequeno mascarava-me, normalmente, de cowboy ou de Indio. Muito embora mascarar-me de Indio soasse, em 2013, a algo com mais estilo, a verdade e que eu mascarei-me mais vezes de cowboy.
Ja na adolescencia, uma assolapada paixao por Pearl Jam e uma posterior queda por tudo o que era trovadores com a voz manchada de bourbon, percebi que nao podia envelhecer sem o curso da minha vida passar pela terra dos cowboys.

A duvida de que a personagem a que eu me mascarava no inicio dos 90s podia ja nao existir, ou pelo menos na forma como Clint Eastwood ou a musica `ghost riders in the sky` os representava, foram dissipadas a chegada a Nashville.

Com o calor a desacelerar-nos o passo, instalamo-nos num local central e cheio de musicos que tentam a sua sorte nessa industria. Na unica cidade dos Estados Unidos onde ainda se sobrevive com um papel e uma caneta, esta capital de Estado e o coracao da industria musical Americana. Os mais de 300 concertos diarios na cidade que cabe no bolso de Lisboa, tornam a vibracao dessas ruas em algo que impressiona qualquer um, seja fanatico ou agnostico nas lides musicais. De cada vez que cruzavamos a rua broadway, identificavamos sons provenientes de 4 ou 5 concertos, sem dificuldade, de bandas que apenas recebem as gorjetas que o publico da. Esta forma de pagamento faz com que as bandas deem varios concertos por dia para irem sobrevivendo nesta cidade.
No centro deste turbilhao sonoro que sao as ruas da zona downtown de Nashville, a presenca de tantos cowboys de chapeu, camisa com pistolas e botas em bico elevam a experiencia desta cidade a algo unico. E impossivel que um rapaz que nao tem por onde esconder as suas caracteristicas fisicas latinas, nao se sinta deslocado. Nem mesmo a simpatia de todos os cowboys que falaram connosco (e que nos entendemos, porque falar utilizando aglutinacoes e sem fechar a boca, nao nos facilita a compreensao) nos faz sentir sequer, minimamente integrados.

Obviamente que em polos opostos, mas estar em Guangzhou ou em Nashville foi a mesma sensacao, com a diferenca de que em Nashville, sabemos o que estamos a comer. Nao vou esquecer nunca o dia em que vi concertos em 5 sitios diferentes, mas espero esquecer os refroes incrivelmente catchy que o, ligeiramente piroso, country tem.

Contra algumas concecoes que se possa ter de um local como este, Nashville e uma terra de cowboys que parece, puramente, genuina!

Saturday, April 20, 2013

Estorias 1

No Sir, you made my day!

No segundo dia de busking em Chicago, reparamos que 2 senhores, na casa dos quarenta, ambos de bone e roupa escura, nos observaram durante alguns minutos e nos deram duas moedas de 1 dolar. As moedas de 1 dolar, nao sao nada vulgares nos Estados Unidos, e o senhor frisou que estava a colocar moedas de 1 dolar e nao de centimos. (normalmente, as pessoas colocam notas de 1 dolar, moedas de 25 centimos, passes de metro carregados...). A noite, enquanto jantavamos num distante restaurante na zona de Damon, entra pelo restaurante um senhor de bone e roupa escura a exclamar: 'foram voces! foram voces que estavam a atuar no metro de washington a tarde!'. Reconhecemo-lo e ficamos a ouvi-lo o quao ele tinha gostado de nos, do nosso Robert Johnson (marioneta) e que tinha saudades dos tempos em que vivia em Paris e o busking era normal. Referiu tambem que em Chicago nao e normal ver buskers e que ficou a pensar em nos. Despediu-se dizendo 'you made my day!'.


Dave Russel

No terceiro dia de busking fomos abordados por um senhor chamado Dave Russel! Tinha sido um espectador bem divertido nos dois dias anteriores e ja nos tinha questionado se nos queriamos juntar a ele para fazermos uma jam. Quando nos viu a sair da carruagem em Clark/Lake, abordou-nos rapidamente e referiu que ja tinha andando noutras estacoes a nossa procura. Comecamos entao o numero com um elemento adicional. Eu a tocar guitarra e a cantar, Formiga a projetar uma rock&roll superstar no Robert Johnson e Dave Russel a manter o ritmo no cajon (instrumento de percurssao). Tocamos duas horas e angariamos cerca de 30 e tal dolares que lhe doamos. Percebemos de inicio que Dave Russel era sem abrigo e que aquele dinheiro lhe fazia muito mais falta do que a nos. Entre cada cancao trocavamos dois dedos de conversa. Ex-baterista de blues do circuito de Chicago (percebia-se que era um percurssionista bem a frente) durante 15 anos, ficou sem abrigo apos ter encontrado o seu tio morto em casa e a sua prima o ter despejado. Ha tres longos anos que Dave bate as ruas de Chicago. Triste desfecho para quem fez tournees pela Europa e tocou num album vencedor de um Grammy.

Buskin' in Chicago

Chegados a Chicago fomos apresentar o nosso numero na estacao de metro de Clark/Lake.

Estavamos ha 3 ou 4 dias na Cidade e ja nos sentiamos familiarizados com o seu funcionamento e com o seu mood. Eram 17h15 quando comecamos com a cancao 'Joker' de Steve Miller e foi as 17h16 que fomos interrompidos pela seguranca do metro a pedir que pegassemos nas coisas e que arrumassemos ate serem 18h. A razao apresentada era que durante as duas horas de maior trafego (16h as 18h), era perigoso atuar naquela estacao. Dias mais tarde percebemos que a razao pela qual nao ha buskers (a nao ser os que pagaram a licenca correspondente) ate as 18h, tem a ver com o facto de ser proibido e que so deixam depois das 18h, porque o management do metro sai a essa hora.

La fizemos o nosso numero pelo meio de aplausos, sorrisos e ate coros nao requisitados em algumas cancoes. O resultado foram 71,65 dolares! 71,65 dolares!!
'YEAH!' soltei eu quando acabei de contar o dinheiro ja no nosso quarto. Tinhamos ganho dinheiro suficiente para pagar a estadia e umas refeicoes em apenas duas horas a tocar. Foi perfeito! Senti-me realizado. Por algum motivo, acabamos por ir para a cama cedo e comer uma refeicao bem barata e saudavel. O festejo esbanjador que mereciamos nem sequer foi equacionado :) estavamos mesmo felizes e isso notava-se nos silencios de satisfacao que invadiam aquele quarto e no sorriso que nem eu, nem o Formiga conseguiamos tirar.

No dia seguinte, voltamos ao local do crime para nos depararmos com um saxofonista que com o seu instrumento ligado a um amplificador, impossibilitava a nossa atuacao naquela estacao. Procuramos nas estacoes da mesma linha uma com semelhante potencial, mas nao encontramos. Acabamos por atuar na estacao de Washington durante quase duas horas e conseguimos fazer 21 dolares. Nada mau para uma estacao quase vazia, na maior parte do tempo.

Contudo, o segundo dia de busking em Chicago seria marcado nao pelo dinheiro angariado, mas por duas pessoas muito particulares. Estavamos a meio do nosso numero quando, no final de uma cancao, fui interpelado por uma rapariga de carapuco, na casa dos vinte e com uma camisola suja de molho de tomate da pizza que estava a comer. Com um ar corvado explicou-me que tinha perdido a sua guitarra e que gostaria muito de tocar na minha guitarra, pedido ao qual eu acedi. Quando lhe passava a guitarra, percebi que os seus dedos estavam bastante sujos e que estava a ler 'waiting for godot' de samuel beckett, livro esse que tambem estava sujo de molho de tomate. O que se seguiu foi uma experiencia estranha! A rapariga que, embora tivesse um ar sujo, nao tinha pinta de sem abrigo, comecou a bater nas cordas de uma forma descompassada, sem qualquer nocao de ritmo e tacto, enquanto mexia com os seus dedos no braco da guitarra de uma forma muito invulgar. Com um som alto e horrivel a sair da guitarra ela comecou a olhar para mim com um ar intenso e a dizer que nao sabia o que se estava a passar! Que sabia como tocar, mas que naquele momento nao estava a conseguir. Que tinha aprendido sozinha algumas cancoes mas que nao se estava a lembrar...enquanto ela falava cada vez mais alto e o seu desespero aumentava, a sua mao batia com mais forca na guitarra e o som saia ainda pior. Sem saber como reagir, pois este momento nao estava a ter piada de todo, olhei para o Formiga em busca de alguma dica sobre o que fazer, mas ele olhava para a outra direcao, optando por nao ter que encarar aquele triste espetaculo. Apos uns 4 minutos de barulho intenso (fiquei a conhecer o verdadeiro volume que a minha guitarra atinge. Desculpa mae!), ela devolveu-me a guitarra. Continou a dizer que nao sabia o que tinha acontecido para se esquecer de como tocar, enquanto eu argumentei que, sempre que toco numa nova guitarra, tambem me engano mais do que o normal. Nos prosseguimos o nosso numero, ela deixou passar mais uns 3 ou 4 metros ate que, antes de entrar na sua carruagem, nos gritou: 'it felt great!'. Wow!

Enquanto nos recompunhamos deste episodio, decidimos ir ver se a estacao do dia anterior estava desocupada. No momento em que saiamos da carruagem em Clark/Lake, fomos abordados por um senhor que nos colocou, insistente e desenfreadamente, dezenas de questoes em segundos. 'Vao tocar aqui? o que tocam? onde costumam tocar? tem algum sitio na internet onde vos possa ver? myspace? tavez uma conta de youtube? um link? mas vao tocar aqui? e tu(para o Formiga) o que tocas? e repertorio? que estilo e?' . Ainda atordoados com tantas perguntas, vimos o senhor entrar na carruagem do seu metro que entretanto tinha chegado. Em choque com esta aparicao, ficamos algo desconfortaveis e ansiosos. O clima da estacao ja nao era o mesmo e decidimos esperar pelo proximo metro para ir para o hostel. Ja dentro da carruagem, aguardavamos que as portas da mesma fechassem quando vemos do lado de fora da porta o mesmo senhor a perguntar: 'entao? ja vao embora? nao vao tocar? eu voltei para vos ver? para onde vao tocar? voltam amanha? tem algum sitio na net onde vos possa ver?' bla bla bla...estas questoes vinham uma a seguir a outra! sentimo-nos autenticamente bombardeados por palavras e nem conseguiamos reagir! Enquanto ele continuava com o seu rol de questoes para gaudio das pessoas da nossa carruagem que assistiam a esta histeria descontrolada com enormes gargalhadas, as portas fecharam e ele ficou a falar do lado de fora. Continuou a falar, mas nos ja nao o ouviamos. O metro arrancou.

Olhamo-nos mutuamente e fomos largos minutos a rir...que final de dia!  

Busking!

busking - To play music or perform entertainment in a public place, usually while soliciting money.

Sendo um sonho de infancia, mesmo que pouco partilhado por achar pouco apropriado, decidi que iria fazer busking ao longo desta viagem. Comecei por lancar o desafio ao Formiga (que sabe como manejar uma marioneta), que comecou por nao se mostrar muito entusiasmado. Mas como eu sou uma pessoa persistente (e chata), comecei a convence-lo com exemplos, que ia pesquisando nos foruns da internet, que se montassemos um numero para atuar na rua, talvez conseguissemos otimas experiencias e algum dinheiro. O nosso principal ponto de discordia era o potencial financeiro do numero. Eu acreditava que o mesmo nos podia pagar algumas dormidas e o Formiga discordava categoricamente, afirmando que, quanto muito, conseguiriamos algumas refeicoes. Ainda assim, la concordamos que deviamos arranjar uma guitarra para a marioneta e preparar um repertorio.

Com o nome de Robert Johnson e com uma guitarra azul construida pelo proprio Formiga, fizemos a primeira incursao pela estacao de metro de Battery Park em NY. Sendo uma estacao secundaria e com pouco movimento, era o sitio ideal para fazermos  um primeiro teste. O resultado foi um grande divertimento para nos e um pequeno entretem para quem esperava para entrar nas carruagens. Houve quem sorrisse, houve quem filmasse, houve ate quem batesse palmas, mas o dinheiro ganho foi de apenas 3,5 dolares. Muito longe do que tinha tentado impingir ao Formiga.

A segunda tentativa foi no Central Park, uns dias depois. Com a companhia do Filipe, estudante de musica jazz em NY, munido com a sua guitarra eletrica ligada a um pequeno amplificador, tocamos quase duas horas para um publico maioritarimente infantil. O nosso numero la decorreu debaixo de um sol baixinho de final de tarde, diante de pessoas que aproveitavam os ultimos raios de copo de starbucks na mao. Desta vez, arrancamos aplausos, elogios, alguns piscar de olhos e 18,94 dolares que utilizamos para fazer uma bela jantarada para 5 :)

Partimos entao para Chicago com o feeling de que isto e divertido e que tem muito para oferecer, mas enquanto o Formiga estava feliz da vida, eu ainda pressentia que estavamos longe do nosso potencial financeiro.

Friday, April 19, 2013

Via Chicago

Pit stop 2:
Chicago é como dizem os Americas: AWESOME!

Tirando o frio cortante e o vento pujante, esta cidade é cizenta em todo o lado. O asfalto é cinzento, o ceu é cinzento, as paredes dos edificios sao cinzentos, as pessoas vestem-se de cinzento e até os carros dos bombeiros sao de um bordeaux acinzentado com cinzento no topo do camiao.
Considerando o facto de esta cidade ser monocromática como um pormenor e nao como um ponto negativo, ela tem a capacidade de te por a refletir.

Curiosidade: é a cidade onde se consome mais café no mundo!

A principal diferenca face a NY é o menor numero de pessoas a andar na rua. Ontem eu e o Formiga fizemos cerca de 10km rolando sempre a pe, o que seria impossivel em NY face as multidoes que enchem as ruas. Outro pormenor interessante é a facilidade com que se encontram as coisas. Descemos a rua Milwakee e quase que vimos tudo o que queriamos ver. Ha imensa musica e lojas de discos nesta cidade (comprei um livro chamado rocknomics por 1 dollar), lojas de tattoos, de utensilios para a tudo e para nada, de chapeus, de fotografia, misturadas com estudios de artistas e galerias de arte. Ha tambem muitas lojas de coisas usadas que eu e o formiga fomos bater, sedentos de encontrar alguma maravilha por descobrir...mas nao encontramos propriamente nada que fosse facil de levar connosco.

Chicago e calmo e pachorrento como um cao velho! Nao e uma cidade com museus imperdiveis e vistas maravilhosas, mas sim um local de experiencia. A onda cool dos seus habitantes nao intimida em nenhum momento e a inexistencia de colinas convida ao simples ato de vaguear ate apetecer...

Cidade de artistas como Muddy Waters, Wilco, Andrew Bird, Kanye West e Smashing Pumpkins, esta cidade de concertos em todo o lado e, sem duvida, um sitio a voltar no futuro!


Wilco - Via Chicago

Fare thee well New York!

10 dias em NY passam depressa.

Num sitio onde parece que estamos constantemente no fundo do poco, tal e o pouco horizonte que temos a nossa frente e o estreito pedaco de ceu que a nossa vista alcanca, a multidao que nos faz companhia em qualquer ponta de Manhattan da-nos a impressao que estamos a beira-mar a levar com ondas que, nao sendo muito fortes, nos vao empurrando e puxando. Garcia Lorca disse um dia que 'Nova Iorque e a maior mentira do mundo. E o Senegal com maquinas'. Nao partilho desta opiniao tao acutilante, mas e certamente um sitio com uma rotina que cansa o corpo. Tudo parece mais perto do e que na realidade e percorrer 5 quarteiroes pode ser uma tarefa enganadoramente dificil.

Nao obstante, e um sitio cheio de surpresas e gente gira. E eu, como amante de gente gira, confesso que adorei passear em zonas como soho, highline park ou ver as performances de rua (aka busking) de washington park.

A nivel material, duvido que nao se encontre o que se quer em NY. Se nao se esta a encontrar e porque, provavelmente, nao se esta a procurar bem...

Estive 10 dias em NY e confesso que nao me familiarizei como a cidade. As muitas coisas obrigatorias para ver, tornaram-nos refens do visitante em 'modo turista', nao nos deixando sugar as particularidades que tornam as cidades unicas e NY, certamente que o e!

Museu de Historia Natural e MOMA

(sem cedilhas e acentos)
Dia de clausura! Num dia reduzido a duas partes (tres se se contar com o jantar que fizemos no nosso apartamento com os nossos amigos), o dia comecou cedo no Museu Nacional de Historia Natural. Assim como qualquer museu de historia natural, uma vistoria completa leva sempre dois dias. Nos apenas fizemos 3h30, mas confesso que mais tempo dentro deste museu seria dificil. As pernas ameacavam ceder, os ombros doiam e as costas reclamavam por uma postura concava que as permitisse relaxar...O museu acabou por se revelar uma desilusao! Nao pela sua qualidade, que era abundante, nao pela sua 'personalidade' que ate era bastante humilde (o museu comunicava de forma regular as suas reservas face as explicacoes que concedia para explicar certos fenomenos da natureza), mas sim face as expectativas.

O primeiro check da folha do meu amigo Formiga revelava-se entao um amargo de boca. Afinal, o tao aguardado esqueleto do T-Rex que varias conversas suscitou nos dias anteriores tem apenas um quarto do tamanho do que as nossas cabecas e conviccoes tinham prometido. Este facto, aliado a todos os fatores fisicos acima descritos deixou-nos tristes.

Apos uma hora preenchida com transfers e um caotico almoco na rua, entramos gratuitamente no MOMA (as sextas, a partir das 16h, este museu e gratuito).

Sendo as expectativas tao altas quanto possivel, este museu concentra num quarteirao paginas e paginas dos livros de historia da nossa infancia. Senhores como Picasso, Dali, Munch, Cezanne, Van Gogh, Monet, Matisse, Mondrian e a senhora Frida Khalo competem pela atencao e pela fotografia da multidao que torna a visita ao museu semelhante a uma aventura natalicia no centro comercial Colombo. Levantamos varias vezes a questao: para que tirar uma foto a um quadro? e uma foto com um quadro? porque fotografar todas as placas? para depois ver o museu que nao conseguiram ver, em casa?
Este museu retrata bem o ambiente avassalador que se vive em NY. O melhor dos melhores que tem tudo de todas as maneiras. A qualidade e tanta, a informacao vem de tantos lados, as luzes piscam com tanta velocidade e resolucao que se perde muita atencao no simples enxergar da realidade. Observar tranquilamente enquanto se reflete torna-se desconfortavel e de dificil execucao.

Com seis pisos distribuidos pela pintura (em clara maioria), fotografia, escultura, desenho e tecnologia, o MOMA mostrou-me um novo artista: Fernand Leger!

Os quadros sao, sem duvida, impactantes. Sao belos, importantes, grandes, coloridos, mas tambem solitarios, estrondosos, simples e monocromaticos. E um sitio a voltar, mas para a proxima, talvez nao va no dia gratuito. Sao demasiadas perolas para as partilhar com tantos porcos (assumo a arrogancia!).

Thursday, April 18, 2013

Plano inclinado

Em New York, preferimos alugar uma casa a ficar numa pensao ou num hostel, tendo em conta que saia, consideravelmente, mais barato. A nossa casa era num tipico bairro de Astoria em Queens, tinha todas as condicoes para se fazer uma vida confortavel e uma caracteristica que lhe conferia uma certa graca.

Apos desconfiar durante uns dois dias, finalmente comprovamos um facto: A nossa casa tinha o chao inclinado!

Eu fui o primeiro a reparar, mas como costumo acordar coxo do pe esquerdo, deconfiei do meu julgamento. Contudo, as diversas passagens que fiz da sala para a casa de banho, levaram-me a crer que nao era a minha sonolencia ou a minha embriaguez que me faziam inclinar para a esquerda se viesse da sala (para a direita se viesse da casa de banho) em direcao a porta do quarto, mas sim a nao ligeira inclinacao do chao. Entretanto, tambem ficou explicado porque a porta do quarto estava sempre aberta, fechando apenas quando colocavamos uma bota como calco.

No outro dia, entrei no supermercado do outro lado da rua e o chao tambem era inclinado. Chamem o CSI NY malta de Queens! Algo estranho acontece...

Disco night

Sabem onde estive ontem a noite?

Deixem-me dar-vos umas dicas:
Trapezistas, chineses magros, chineses gordos, chinhese carecas e com muito cabelo. Drag queens em andas, strippers, miudas carochitas com 25kg, raparigas carecas com a cara e corpo tatuado, muitos homens em tronco nu, muitas mulheres em soutien, hip-hop manhoso com muitas influencias de dub f*cking step, pessoas de fato impecavel ombro-a-ombro com orgulhosos de manga cava (wall street meets gangsta style), canadianos e europeus com desconhecimento total sobre onde fica Portugal, gente com oculos sem lentes, gente com oculos de sol e acepipes, acepipes e mais acepipes.

De uma forma resumida eu diria: esperem de tudo quando vao a uma discoteca, cujas casas de banhos sao o sitio que melhor cheira. (mas a ironia e que as mesmas cheiravam mesmo bem)

O choque das primeiras impressoes

Pit stop 1:
Chegamos ao Aeroporto em Newark! Por entre hologramas, carros super largos, pontes e tuneis, fizemos uma demorada viagem ate ao centro de Manhattan. Na bagagem trazemos mais do que o essencial e o tempo estava frio, embora nao tao frio como estivessemos a espera. As primeiras impressoes sao de choque. Choque pela altura incrivel de todos os predios de Manhattan, choque pela quantidade de pessoas que andam de todas para todas as direcoes, choque pela quantidade megalomana de informacao que nos irrompe pelos olhos adentro e tambem pela quantidade de choques que apanhamos nas macanetas, nas portas, nos interruptores e ate nas pessoas que tocavamos.


Rollin' down the river...

'Left a good job in the city, working for a man every night and day and i never lost a minute of sleeping, worryin 'bout the way things might have been (...) rolling down the river'

Em 69, Creedance Clearwater Revival lancava esta musica que se tornou um classico instantaneo nas terras do Tio Sam.  Em tempos de busca por um novo futuro e novas solucoes, esta letra inspirava as pessoas a refletir sobre o que tinham feito ate entao e se estavam a adiar os seus sonhos.

Como nao tenho perfil para adiar as coisas que quero fazer, fiz-me a estrada com o meu bom e solitario amigo Formiga. Comecamos em NY e pretendemos acabar em Buenos Aires. Vamos torcer para que o dinheiro chegue...

(peco desculpa pela falta de cedilhas e acentos...)

CCR Proud Mary