(sem cedilhas, nem acentos)
Pit stop 3:
Nashville, Tennesse
Quando era pequeno mascarava-me, normalmente, de cowboy ou
de Indio. Muito embora mascarar-me de Indio soasse, em 2013, a algo com mais
estilo, a verdade e que eu mascarei-me mais vezes de cowboy.
Ja na adolescencia, uma assolapada paixao por Pearl Jam e
uma posterior queda por tudo o que era trovadores com a voz manchada de bourbon,
percebi que nao podia envelhecer sem o curso da minha vida passar pela terra
dos cowboys.
A duvida de que a personagem a que eu me mascarava no inicio
dos 90s podia ja nao existir, ou pelo menos na forma como Clint Eastwood ou a
musica `ghost riders in the sky` os representava, foram dissipadas a chegada a
Nashville.
Com o calor a desacelerar-nos o passo, instalamo-nos num
local central e cheio de musicos que tentam a sua sorte nessa industria. Na
unica cidade dos Estados Unidos onde ainda se sobrevive com um papel e uma
caneta, esta capital de Estado e o coracao da industria musical Americana. Os
mais de 300 concertos diarios na cidade que cabe no bolso de Lisboa, tornam a
vibracao dessas ruas em algo que impressiona qualquer um, seja fanatico ou
agnostico nas lides musicais. De cada vez que cruzavamos a rua broadway, identificavamos
sons provenientes de 4 ou 5 concertos, sem dificuldade, de bandas que apenas
recebem as gorjetas que o publico da. Esta forma de pagamento faz com que as
bandas deem varios concertos por dia para irem sobrevivendo nesta cidade.
No centro deste turbilhao sonoro que sao as ruas da zona
downtown de Nashville, a presenca de tantos cowboys de chapeu, camisa com
pistolas e botas em bico elevam a experiencia desta cidade a algo unico. E
impossivel que um rapaz que nao tem por onde esconder as suas caracteristicas fisicas
latinas, nao se sinta deslocado. Nem mesmo a simpatia de todos os cowboys que
falaram connosco (e que nos entendemos, porque falar utilizando aglutinacoes e
sem fechar a boca, nao nos facilita a compreensao) nos faz sentir sequer, minimamente integrados.
Obviamente que em polos opostos, mas estar em Guangzhou ou
em Nashville foi a mesma sensacao, com a diferenca de que em Nashville, sabemos
o que estamos a comer. Nao vou esquecer nunca o dia em que vi concertos em 5 sitios
diferentes, mas espero esquecer os refroes incrivelmente catchy que o,
ligeiramente piroso, country tem.
Contra algumas concecoes que se possa ter de um local como
este, Nashville e uma terra de cowboys que parece, puramente, genuina!
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